Encurralado e sozinho.
Desolado, angústia.
Vontade de gritar, mas tenho vergonha do som da minha voz.
Eu vejo a liberdade por dentro de um globo de neve, eu vejo o mundo mas há um vidro invisível que me prende dentro de mim.
Eu quero explodir, externalizar, quebrar tudo, jogar energia pro ar.
Quero meu corpo formigando, quero meu corpo vermelho de sangue pulsando.
Eu preciso berrar, ser alto, mas não pro mundo me ouvir, não quero que ninguém ouça o que há dentro de mim.
Quero apenas explodir.
Ninguém fala a minha língua, não que eu seja especial por isso, superior ou qualquer coisa; mas ninguém dialoga com a angústia que conversa em mim. No entanto não há conversa, há barulho. Barulho incessante que pede adrenalina, pede vida, pede movimento e eu estou EMPACADO.
Preciso rasgar o meu peito, deixar minhas vísceras à mostra, quero o sol batendo no meu interior, vitamina Demolição.
Demolir tudo e reconstruir o que me renova. Quero estapear minha cabeça até perder os pensamentos, quero expelir o trânsito de pensamentos desconexos e desejantes que vão de têmpora à têmpora, quero extinguir os miolos enviesados e repetitivos que me prendem dentro da falta de assertividade.
Eu respiro gás que entra em combustão dentro dos meus órgãos, no entanto eu não expiro nada, absolutamente nada. Sou um vulcão implodindo eternamente em camadas mais profundas, suprimindo, comprimindo, me transformando num Big Bang invertido.
Quero inverter essa energia e esse fogo em vida, quero compreender que pertenço mesmo sendo constante ebulição interna, quero ser compreendido sem precisar entrar em erupção.
Quero que me olhem no olho e me vejam para além de quem aparento mostrar ser. Não quero mais mostrar, quero apenas ser. Quero bastar.
Me sinto um animal selvagem rodeado de predadores, estou cansado e eles famintos, estou exausto e eles fritos em ácido, loucos para gastar energia e matar uma puta de uma larica. No fundo, eu predo a mim mesmo, eu me canso, me encurralo, me exauro e me dilacero.
Eu preciso de um respiro de vida, cansei de apenas existir, repetir, mecanizar, fingir, me atuar. Eu quero ser o vulcão que explode porque deve explodir, não a explosão covarde, mal quista, inconveniente. Eu quero o vigor da erupção, não a destruição de uma civilização que se instaurou achando que aquele terreno era tranquilo. Eu quero gritar, sentir toda a capacidade da minha voz ecoando pelo ar, atingindo lugares que eu nunca pude ver do ponto onde berrei. Quero ecoar para fora, não para dentro. Preciso de um ar…Descansar.
Eu sou contradição, eu quero e não quero, sou e não sou, implodir, explodir, me permitir, me proibir, viver e me caçar, eu sou dicotomias ouroborísticas, sou o mais e o menos, quero simplicidade quando sou complexo, quero complexidade quando sou simples. Sou contradição quando sou adição.
Eu quero o mundo, quero ferver, quero arder em chamas. Eu quero muito, mas eu me atropelo, eu me atraso, me empaco.
Sou um turbilhão no meio de um bilhão de turnos de compreensão e estranhamento. Eu me entendo e me descompreendo… No fim, acho que só preciso de um pouco de carinho mesmo.
Escritor: Lucca Marques
País: Brasil
Rede social: @luccamarques
Fotografia: Lucca Marques
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